Home | Projeto “Água: cuide para não faltar!”

Projeto “Água: cuide para não faltar!”

Sou pedagoga formada pelo Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy (2007), especialista em gestão e organização escolar (2008) pela Universidade Potiguar (UNP) e especialista também em Educação Infantil pelo NEI/CAPS-UFRN (2012). Sou concursada pela Prefeitura Municipal de Parnamirim (RN) desde fevereiro de 2010 e pela prefeitura de Natal (RN) desde fevereiro de 2016. Nos dois municípios, atuo como professora de Educação Infantil e me identifico com a função, pois a Educação Infantil é primordial para a formação de um ser em todos os sentidos: social, emocional e cognitivo.

Dessa compreensão, surgiu a ideia de desenvolver com crianças, na faixa etária de 5 anos, uma investigação sobre o tema água. Elas frequentavam, no ano de 2016, o nível IV do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Professora Marilanda Bezerra, no munícipio de Natal, capital do Rio Grande do Norte. O tema emergiu a partir de um problema local do bairro onde fica localizado o CMEI, frequentemente afetado pela falta d’água nas casas das crianças, comprometendo, até mesmo, a ida à escola. E o problema veio à tona na roda de conversas, em um dia chovediço, quando emergiu o assunto sobre a chuva, sobre a água e, consequentemente, sobre o problema da falta de água nas residências das crianças.

Surgiu, assim, a possibilidade de delimitar uma temática que fizesse parte do cotidiano das crianças, que fosse do interesse delas e que, provavelmente, traria experiências significativas, integrando o que já conheciam com aquilo que lhes seria novo.

Outrossim, como o CMEI no qual trabalho segue a metodologia de ensino fundamentada em temas de pesquisa, que defende a autonomia das criança na exploração do conhecimento de mundo, de acordo com sua curiosidade, fomentamos um processo de construção de conhecimento dinâmico, diferindo da mera transmissão de informação. Resolvemos, então, traçar algumas metas e objetivos, juntamente com as crianças, para a organização do planejamento de acordo com o tema proposto.

Conteúdos

Antes disso, pensei de que maneira poderia encaminhar a questão dos conteúdos, pois, na perspectiva do trabalho com temas de pesquisa, são eles que servem de fio condutor das investigações das crianças. Assim, diante da problemática do bairro com a falta d’água, levamos em consideração os seguintes conteúdos: o ciclo da água, o que fazer para economizá-la? Quem precisa da água? Onde a encontramos? Poluição ambiental; preservação da natureza; entre outros, que foram surgindo e oportunizando conhecimento ao longo do projeto. Percebi que essas escolha iriam propiciar às crianças o conhecimento de como se deve cuidar da água, para que ela nunca falte em nossas casas e na natureza. Afinal, não apenas os seres humanos precisam da água, mas também o ambiente e os animais.

Dando continuidade, estabeleci como meta geral conscientizar as crianças em relação ao uso sustentável desse recurso natural finito, pois, se não a preservarmos, sofreremos com a falta. E, sem ela, não pode haver vida no planeta. Algumas metas específicas foram estabelecidas, como: reconhecer a importância da água para a vida; suas diversas utilidades; compreender o ciclo da água; entender de onde vem a chuva; conhecer as causas da poluição ambiental; identificar o percurso da água dos rios até nossa casa; conhecer os estados físicos da água (sólido, líquido e gasoso); realizar diversas experiências com a água; conhecer a fonte de abastecimento de água da nossa cidade; explorar uma reserva ambiental e valorizar a água, percebendo sua importância para a vida de todos os seres vivos.

Estratégias

Após traçados os conteúdos e metas, iniciamos, juntamente com as crianças, a organização das etapas das atividades a serem desenvolvidas. A partir daí, procuramos saber onde existia água em nosso bairro e lembramos que ele tem uma boa localização geográfica, próximo a mangues e marés. Nesse caso, pensamos como estratégia para enriquecer nossa pesquisa a possibilidade de realizar duas aulas-passeios: uma para as crianças conhecerem a maré, quando, durante a pesquisa pelo bairro, descobrimos uma reserva ambiental; e a outra para a CAERN – Companhia de Água e Esgotos do Rio Grande do Norte.

Atrelado a essas aulas, selecionei alguns vídeos (uma série de desenhos de descobertas científicas) que discorriam sobre como a água vira chuva (explicação do ciclo da água). Organizei, também, outras atividades que nos trariam experiências práticas e lúdicas a respeito do tema pesquisado. Eis algumas práticas planejadas: passeio pela escola para descobrir onde poderíamos encontrar água; construção de uma maquete da reserva ambiental; registro fotográfico da reserva; releitura, em forma de pintura, das fotos escolhidas pelas crianças; utilização do trabalho com música envolvendo o tema Banho é Bom, do Castelo Rá Tim Bum, e a vivência de culinária do Dindin, além de banho de piscina e chuveiro na escola.

Para isso, contei com recursos da instituição, como: materiais didáticos, cartolinas, emborrachados, impressão de textos, vídeo, TV, transporte viabilizado pelo município para o passeio, como também o apoio da gestão, principalmente Isabel, coordenadora pedagógica do CMEI, parceria em todos os momentos do projeto, nos dando sugestões, em especial dos recursos teórico-metodológicos  que a equipe do Paralapracá disponibilizou na instituição.

Formações de professores

As formações do programa Paralapracá foram bastante significativas para a continuidade e desenvolvimento da nossa prática. Isto porque, na oficina que trabalhamos o módulo Assim se explora o mundo, discutimos, estudamos e compreendemos que é a partir da interação com o meio natural e social que as crianças começam a compreender como o mundo funciona. Por outro lado, apreendemos que são diversas as possibilidades de as crianças explorarem o mundo e que, muitas vezes, essa exploração deve ultrapassar os “muros” da escola, o que, em determinados momentos, nos provoca medo ou insegurança, mas, com os estudos, vimos a necessidade e a oportunidade de proporcionar a exploração aspectos da nossa realidade, como foi a questão da água, nas experiências de aprendizagem das crianças.

Discutimos ainda, por intermédio de experiências, vídeos e materiais (cadernos) do Paralapracá, as seguintes questões:

  • Como o professor pode atuar para que as crianças explorem e compreendam o mundo em que vivem?
  • Que tratamento o professor deverá dar para as perguntas que as crianças fizerem?
  • Como observar e escutar as crianças em suas diferentes linguagens?

Foi a partir dos questionamentos que surgiram na formação do Paralapracá e do tema que aflorou na sala, que despontaram: a pesquisa, tão prazerosa; o desenvolvimento do trabalho; e, consequentemente, esse prêmio, que veio para coroar um trabalho tão produtivo com as crianças e com a comunidade.

Por fim, fiquei feliz e, ao mesmo tempo, surpresa com a premiação do projeto Água, cuide para não faltar!, pois é um reconhecimento da nossa prática desenvolver atividades significativas e contribuir com qualidade para o ensino e aprendizagem das nossas crianças do sistema público de ensino.