Palestra revê meios de envolvimento da família no desenvolvimento infantil
Fonte: Instituto C&A
São Paulo (SP) – Como envolver e gerar comprometimento de familiares e educadores no desenvolvimento das crianças de 0 a 6 anos? Norbert Schady, economista-chefe do setor social no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sugere medidas como a realização de visitas domiciliares para a formação de pais e familiares sobre a importância do desenvolvimento na primeira infância, o acompanhamento do que acontece nas salas de aula da Educação Infantil? aliado à formação de professores ? e programas de transferência de renda direta para famílias mais pobres.
As considerações do especialista foram feitas na palestra “Famílias e cuidadores na promoção do desenvolvimento da primeira infância”, realizada no dia 12 de novembro, durante o IV Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância. O evento foi realizado em São Paulo pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) e teve como tema “Fortalecendo as potencialidades dos adultos para que promovam o desenvolvimento das crianças”. A proposta da iniciativa foi discutir o papel do Estado e da família na promoção do desenvolvimento infantil e o que se tem feito nessa direção.
Segundo Schady, as visitas domiciliares para a formação de pais e familiares seriam bem-sucedidas se os responsáveis pela implantação desse tipo de serviço fossem humildes o suficiente para perceber que mudar um comportamento que está arraigado é difícil e que, muitas vezes, ter uma resposta técnica para resolver o problema não é suficiente. Para sustentar seu argumento, o especialista exemplificou com o problema da violência doméstica: “É sabido que muitas crianças apanham de seus pais e que isso atrapalha seu desenvolvimento, mas não adianta uma pessoa com doutorado chegar para a mãe e falar isso. É preciso haver um trabalho longo de apropriação da família mesmo”, ponderou.
Shady salientou que o tema das visitas domiciliares deveria ser mais bem estudado e que algumas perguntas deveriam ser respondidas. “Será que conseguimos que uma experiência local de visitas bem-sucedidas ganhe escala? Ou será que essas visitas seriam mais bem-sucedidas se trabalhassem um tema específico – saúde, educação, violência – ou vários?”, questionou.
No que se refere às creches e pré-escolas, Shady afirmou que o investimento em infraestrutura de nada adianta se o que acontece na sala de aula continua ruim. Segundo ele, para que os educadores possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento na primeira infância, é preciso que suas aulas sejam acompanhadas e que eles recebam formação de acordo com suas necessidades.
“Temos que perceber como cada professor organiza o espaço da sala de aula; como o profissional se envolve, se relaciona e interage com cada aluno e com o grupo de estudantes; quanto tempo leva para mudar a temática trabalhada; e, a partir deste diagnóstico, atuar na formação”, ressaltou.
Segundo o especialista, o acesso à pré-escola não é mais um problema na América Latina e está melhorando muito nas creches. “Porém, sem qualidade, não há sentido em tirarmos as crianças de casa”, enfatizou.
Sobre os programas de transferência de renda, Shady destacou a importância da política, uma vez que, segundo ele, a desigualdade social influencia diretamente o desenvolvimento infantil. “Acho que essas políticas podem dar muito certo, mas o recebimento do dinheiro deve estar aliado ao comprometimento do uso do montante para o desenvolvimento da criança”, defendeu.
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