As cem linguagens dos adultos e os desafios na formação de formadores
“[…] Adultos têm cem linguagens, e depois cem, cem, cem, mas roubaram-lhes noventa e nove. A escola e a formação lhes separam a cabeça do corpo, o sensível do inteligível, o lúdico do sério […]. Os versos de Mônica Samia, parafraseados do poema As Cem linguagens da criança, do professor Loris Malaguzzi (autor da abordagem pedagógica adotada pela cidade de Reggio Emilia), traduzem a concepção de formação como um processo de reconexão. Durante o seminário: Diálogos sobre qualidade na Educação Infantil: a experiência Paralapracá, realizado em novembro de 2017, o programa Paralapracá reuniu especialistas no assunto, que reafirmaram a importância do papel do coordenador pedagógico como formador e articulador, além de destacar perspectivas inovadoras em formação presencial e a distância.
“Formação não é (trans) formação. É (re) conexão”, frisou Mônica Samia, consultora associada da Avante e coordenadora de implementação do Paralapracá. “O poder transformador de uma formação é fazer com que a gente se reconecte com aquilo que faz sentido para cada um, é um processo interno. É essa a nossa aposta, tanto nas formações presenciais quanto no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA Paralapracá), quando a gente toca na subjetividade, tematiza as práticas, amplia o universo cultural, reflete junto. Assim, o diálogo acontece. Como diz [Jorge] Larrosa, a formação é uma viagem aberta”, afirmou Mônica.
A especialista reitera, ainda, que um processo formativo precisa considerar as dimensões profissionais, pessoais e institucionais para fortalecer a função pedagógica do coordenador pedagógico. O Paralapracá tem como principal estratégia formativa a coesão entre as formações presenciais e a formação a distância, por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), nas redes municipais de Educação. Com uma abordagem dialógica e lúdica, o Programa vem impactando positivamente na qualidade da Educação Infantil das redes parceiras, fortalecendo a escola como espaço de aprendizagem para todos, por meio da formação das coordenadoras pedagógicas que atuam na Educação Infantil. “Antes do Paralapracá, eu exercia um papel mais administrativo do que pedagógico. Hoje eu me sinto empoderada e segura. Ao longo dessas formações, venho aprendendo a organizar rotinas focadas no apoio aos educadores, a respeitar as diferenças, a escutar todo grupo e cada um individualmente, a tematizar as práticas, a sistematizar os conhecimentos, a promover experiências reais para as crianças, além de potencializar os saberes e as práticas pedagógicas”, disse Tereza Cristina, coordenadora pedagógica em Olinda (PE), uma das redes parceiras do programa Paralapracá.
Educação a distância sem distância
Com 20 anos de experiência em formação a distância, Paula Carolei, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), especialista convidada para o evento, chama a atenção para a importância da ludicidade nos processos formativos de educadores. A doutora e mestra em Educação e especialista em Multimídia em Negócios e Educação destacou que os ambientes virtuais são espaços com potencial para resgatar o lúdico. “Uma série de portas se abrem com a Educação a Distância, uma vez que esses ambientes podem ser utilizados para compartilhamentos de práticas, de registros e memórias, de debates, de vivências simbólicas, de brincar, experimentar e de criar”, explicou Paula.
Ana Paula Feitosa, coordenadora pedagógica na Creche Rosane Collor, em Maceió (AL), participou da formação do Paralapracá e relatou, na roda de conversa, que o Programa provocou significativas mudanças no contexto e formato das formações no município. “Ao conhecer o AVA Paralapracá mais de perto, percebi que realmente era um ambiente a distância, mas sem distância. Me apaixonei e hoje vejo que o AVA é um grande parceiro nosso. Além dos módulos formativos, temos a interação com as mediadoras e demais participantes, que são coordenadoras de outros municípios e da nossa rede”, contou Ana Paula.
O Programa
O #Paralapracá é uma frente de formação de profissionais da Educação Infantil, realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceria com as secretarias municipais de Educação, que visa contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na Educação Infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral. Para isso, oferece formação continuada para formadores das redes municipais de Educação, valorizando os saberes de cada localidade e ampliando as referências teórico-práticas a partir das orientações nacionais para o segmento.
O Paralapracá foi lançado em 2010 como um projeto do programa de Educação Infantil do Instituto C&A, originalmente focado na região Nordeste. Desde então, chegou a dez municípios, em dois ciclos de implementação. Em 2015, com a chancela do Guia de Tecnologias Educacionais do MEC, ganhou caráter nacional.
Em 2017, o Programa realizou o fechamento do seu segundo ciclo nos municípios de Olinda (PE), Maracanaú (CE), Maceió (AL) e Natal (RN). O momento foi marcado com um seminário de encerramento do Programa, realizado no final de novembro.
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