Assim se Brinca
Quando a criança brinca, ela se expressa social e culturalmente. A necessidade de brincar supera qualquer barreira, pois é brincando que a criança aprende e estabelece relações com o outro e com o mundo. Esta seção propõe um diálogo sobre o brincar a partir da observação e do compartilhamento de práticas.
Ateliê do CMEI Fúlvia Rosemberg
O faz-de-conta como parte do cotidiano brincante das crianças. Esse é o destaque dado no registro da coordenadora pedagógica Rozana Bandeira, do CMEI Fúlvia Rosemberg, de Maceió (AL). Nele, Rozana mostra cenas do brincar, como decorrência do ateliê montado na instituição. “Elas (as crianças) criam novos papéis para si, ampliam o espaço para a representação do faz-de-conta, ao mesmo tempo em que desenvolvem importantes habilidades e estabelecem diálogos com seus parceiros de constante negociação e criam enredos potentes para representar”, diz.
Brinquedos e brincadeiras
A equipe da Escola Joana Sena, no município de Natal (RN), Rede parceira do Paralapracá, organizou um evento com direito a uma oficina de confecção de brinquedos, a partir de produtos recicláveis, além de várias brincadeiras envolvendo cantigas de roda.
No registro, a professora Luciana Gomes da Silva, narra cada etapa do evento e os momentos especiais vividos com as crianças durante o dia, bem como os aprendizados proporcionados pelo fomento à sustentabilidade e transmissão de valores ambientais às crianças.
“Minha cor é marrom”, disse Vinícius
Professora e gestora da Escola Municipal São Bento, no município de Olinda (PE), cuja Rede Municipal é parceira do Paralapracá, Heraldina Simões aproveitou a força do mês de novembro, celebrado como o mês da consciência negra, para desenvolver uma atividade utilizando cores, que culminou com a pintura corporal, e provocar reflexão sobre a cultura do preconceito e a importância de se reconhecer suas origens.
Durante a atividade, Heraldina foi surpreendida pale fala de Vinícius, uma das crianças: “Não sou negro. Sou marrom. Negro é horrível”.
…E assim chegaram os brinquedos!
Uma decisão – comprar brinquedos para as crianças e fortalecer o seu direito ao brincar. Foi a decisão do CMEI Rosane Collor, em Maceió (AL), que foi em busca de formas para viabilizar a iniciativa e encontrou ajuda por meio do compartilhamento de experiências com outra instituição da Rede Municipal. Para concretizar o desejo, o CMEI abriu mão da compra de equipamentos como: datashow, computador, TV e outros equipamentos. O resultado pode ser conferido no registro elaborado pela coordenadora pedagógica, Ana Paula Feitosa, que conta o percurso e traz depoimentos das próprias crianças.
Para além da alegria provocada, a atitude proporcionou uma oportunidade para o exercício da participação das crianças na organização do ambiente da instituição. “E agora, com tantos brinquedos, como acomodá-los? Em que espaços? Como dividir? Propus uma assembleia na qual as crianças puderam conhecer todos os brinquedos comprados e também opinar…”, conta a coordenadora pedagógica.
Com a experiência, a equipe da escola, em busca de representatividade, fez uma lamentável constatação: “Eu e as diretoras passamos uma tarde percorrendo lojas para escolher pessoalmente os brinquedos e o que nos chamou atenção foi a pouca quantidade de bonecas negras. O único brinquedo que não conseguimos comprar em maior quantidade”.
Robô de papelão
A educadora do grupo 5 da Escola Creche Comunitária Nossa Senhora do Amparo, em Camaçari (BA), Cristiane Carla dos Santos, descreve a construção de um robô de papelão com as crianças, “uma das muitas boas e ricas atividades que marcaram o trabalho com o eixo Assim se Brinca”, como ela define, e traduz o impacto que o eixo teve na instituição – primeiro na prática das educadoras, provocadas pelas coordenadoras pedagógicas formadas pelo projeto, depois no brincar e na aprendizagem das crianças.
Cristiane Carla conta que muitas crianças da instituição tinham dificuldades em se relacionar e socializar-se e não eram autônomas nas escolhas das brincadeiras. O brincar, na maioria das vezes, segundo a educadora, partia de uma provocação da equipe pedagógica. Com o apoio da coordenadora pedagógica, que foi levando os princípios do eixo para a prática da escola, orientando e direcionando em relação à melhor maneira de explorar esse brincar, as crianças foram adquirindo, aos poucos, a necessária autonomia.
Resgatando as brincadeiras antigas: as bonecas de pano
O registro de Joseilda Fernandes Siqueira da Silva, coordenadora pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Fernanda Jalles, de Natal (RN), relata como a preocupação com o consumismo infantil resultou em uma oficina de confecção de bonecos de pano — com pais, educadores e crianças. O registro foi postado no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do projeto Paralapracá.