Brincar, o verbo mais conjugado da educação infantil
Salvador (BA) — Correr no pátio, pular pneu, brincar de roda, subir em árvores e montar cabanas para se esconder. São muitos e diversos os relatos postados no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do projeto Paralapracá mostrando como o brincar está presente no cotidiano das instituições de educação infantil parceiras do projeto.
“Todas as ações de uma criança pequena podem ser consideradas brincadeiras”, afirma Maria Thereza Marcilio, gestora institucional da ONG Avante – Educação e Mobilização Social, parceira técnica do Instituto C&A na implementação do projeto Paralapracá.
“Nascemos com desejo de entender as coisas. Desde pequena, brincando a criança vai entendendo ela mesma, os outros, o mundo e as relações. Precisamos manter acesa essa chama da curiosidade, do interesse e da abertura do mundo, que só o brincar dá”, analisa Maria Thereza.
Entre as muitas brincadeiras registradas no AVA do Paralapracá está o vai e vem em uma montanha de colchões. Construída no berçário II da creche Mirian Porto Mota, em Maracanaú (CE), a montanha convida as crianças pequenas a explorar, sem receios, seus primeiros passos. Algumas caem e logo levantam, algumas preferem deitar e relaxar, e outras ficam subindo e descendo a grande montanha, rolando de um lado para o outro.
No Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Sabino Gentille, em Natal (RN), os bebês fazem arte pintando uma grande tela. Brincam e se lambuzam com as tintas. Segundo Rita Bezerra, coordenadora pedagógica da instituição, a brincadeira aguça a criatividade e estimula o desenvolvimento gradativo da identidade e da autonomia dos bebês. “A brincadeira favorece ainda a interação com as diferentes linguagens: corporal, oral, escrita e artística”, frisa.
Na Creche Bartolomeu Aroucha, em Olinda (PE), as crianças são incentivadas a criar suas próprias brincadeiras. “A liberdade faz com que a escolha de seus brinquedos e da forma de como brincar irradie em seus rostos a alegria e o prazer nas brincadeiras”, registra no AVA a coordenadora pedagógica da instituição, Tereza Cristina Farias, defendendo que, além de natural e cultural, o brincar é um direito da criança.
Garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que em seu artigo 16 estabelece o direito a “brincar, praticar esportes e divertir-se”, o brincar é referência das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEIs). De acordo com este documento, as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da educação infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira.
O caderno de orientação Assim se Brinca do projeto Paralapracá destaca que a brincadeira revela muito da identidade de quem brinca: “A criança, naturalmente, brinca. Ao brincar, culturalmente se expressa: internaliza aspectos do mundo que a cerca e põe para fora a sua percepção, os seus pensamentos e sentimentos sobre este mesmo mundo. Portanto, para o professor, a brincadeira tanto serve como estratégia ou recurso pedagógico que facilita o processo de aprendizagem e favorece o desenvolvimento da criança, como servirá, também, para conhecer melhor a criança e seu contexto sociocultural”, aponta o texto.
O caderno Assim se Brinca também chama atenção para um aspecto ainda mais importante: a compreensão da brincadeira como intrínseca à infância. “É natural, é cultural e é de direito. Fundamental e fundante do ser criança, o brincar infantil, principalmente nos seis primeiros anos de vida, vai transpor qualquer barreira e vai se realizar, mesmo que a única forma que encontre seja inscrita na própria criança. A brincadeira transborda através do corpo, do movimento, da imaginação, do ritmo, das palavras, e vai se materializar em toda e qualquer criança.”
Dicas de leitura
* Caderno de orientação Assim se Brinca
* Brinquedos e Brincadeiras de Creches — Manual de orientação pedagógica
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