Cultura e educação caminham juntas
Brasília (DF) — Colaborar com a construção de políticas culturais para a primeira infância no Brasil. Com este mote, o Grupo de Trabalho (GT) de Cultura da Rede Nacional Primeira Infância (RNPI) organizou o I Encontro Nacional Cultura e Primeira Infância. O evento, que ocorreu em Brasília nos dias 3 e 4 de setembro, foi realizado em parceria com o Ministério da Cultura (MinC) e o Ministério da Educação (MEC), reunindo pesquisadores e representantes do poder público e da sociedade civil.
Os debates promovidos ao longo dos dois dias culminaram na redação de um documento no qual os participantes registram intenções e propostas voltadas à cultura na educação infantil. O encontro também formalizou a entrada do MinC na RNPI. A rede é composta por mais de 160 organizações de todas as regiões do Brasil, incluindo entes dos setores público e privado, organizações sociais, redes de organizações e organismos multilaterais que atuam na promoção e na defesa dos direitos da primeira infância. O Instituto C&A, realizador do projeto Paralapracá, é um dos integrantes da rede, assim como a ONG Avante – Educação e Mobilização Social, parceira técnica na implementação do projeto.
O tema do I Encontro Nacional Cultura e Primeira Infância guarda grande sintonia com o projeto Paralapracá, uma vez que a valorização das experiências culturais no cotidiano das instituições e do currículo da educação infantil é um dos pilares do projeto. A respeito do evento, Maria Thereza Marcilio, gestora institucional da Avante, assinalou: “Penso que o seminário fortalece a linha da imersão do Paralapracá na cultura local”. Thereza coordenou a secretaria executiva da RNPI no biênio 2011/2012.
A publicação Estação Paralapracá confirma a sintonia: “É preciso que as crianças tenham acesso não apenas a notícias de que essa cultura existe ou existiu, mas principalmente que tenham uma experiência sensível com a cultura comunitária, que percebam a escola afinada e interessada por essa cultura, quiçá comprometida e participante dela”, postula a publicação.
Dedicada ao que intitula “paisagens culturais”, a publicação descreve de que maneira paisagens lúdicas, narrativas sonoras, gastronômicas, festivas e artísticas podem fazer parte da rotina das instituições de educação infantil.
“Ao assumir a importância dos saberes locais, particularmente os próprios da cultura infantil, nos processos de construção da identidade cultural das crianças, urge cuidar para que esses saberes façam parte do cotidiano das instituições e do currículo da educação infantil”, resume a publicação, que traz diversos registros de brincadeiras, histórias, canções, aromas, sabores, espaços culturais, produções artísticas, festas populares e manifestações tradicionais voltados ao desenvolvimento da cultura infantil.
Em muitas das instituições de educação infantil parceiras do projeto Paralapracá esses saberes já são parte do cotidiano. São diversos os registros de experiências que comprovam que a teoria está viva na prática de muitas instituições.
As histórias e os sabores da gastronomia nordestina, por exemplo, são experimentados constantemente. Na Escola Municipal Emaús, em Camaçari (BA), uma oficina de culinária inspirou um projeto voltado à cultura da região. Depois que a avó de uma aluna fez bolachinhas de goma para as crianças, a turma quis saber de onde vinha a goma. A partir do relato da avó, que contou que a goma vinha da mandioca, foi desenvolvido o Projeto Mandioca, que levou a turma para conhecer uma plantação de mandioca, o beiju, a casa de farinha, a tapioca e a goma.
Em Olinda (PE), a Escola Monte Castelo realiza o pastoril, folguedo bastante popular em Pernambuco. Na versão infantil, as crianças também se dividem em dois cordões e se vestem com as roupas típicas do folguedo. As brincadeiras de cordel, por sua vez, formam paisagens culturais típicas da educação infantil nos municípios parceiros do Paralapracá, além do forró, da ciranda, do coco, da dança da fita e de tantas outras maneiras de perpetuar a cultura tradicional e os saberes locais.
Temas debatidos pelos participantes do I Encontro Nacional Cultura e Primeira Infância
* Como a cultura e a arte se inserem na educação infantil?
* A arte e a cultura instrumentalizadas para fins pedagógicos ou como encontro com a experiência estética?
* Quais as propostas de formação em artes para os professores da educação infantil e para os artistas, no campo da primeira infância?
* Como fomentar o encontro do artista com as crianças no contexto da educação infantil?
* O espaço físico da creche e pré-escola é adequado para a arte e a cultura?
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