Empoderada, coordenadora pedagógica transforma realidade das crianças
“Ah! Eu bebi da água da fonte. Nela molhei meu coração […]”. Como nos versos do poeta cearense, Jáder de Carvalho, a então gestora da Escola Municipal Emaús, da zona rural de Camaçari (BA), Elisângela Oliveira, bebeu das águas da infância para lançar um novo olhar em relação à Educação Infantil. Por meio de uma imersão no programa Paralapracá, ela teve acesso a novos horizontes e ao desenvolvimento de novas habilidades, como educadora e como pessoa. Ao atuar como formadora do Paralapracá no município, Elizângela tornou-se uma das referências do Programa e foi peça chave para transformar as práticas na instituição.
Junto com o desenvolvimento pessoal e profissional de Elisângela, a Emaús é uma das instituições que mostrou um avanço, em relação ao que fazia, para o que faz atualmente. O acolhimento aos princípios do Paralapracá que orientam a prática: como partir da escuta das crianças; ter uma conexão forte com a comunidade; levar a criança para fora da instituição para aprender o mundo, interagindo com o mundo; cuidar dos espaços e materiais de forma sensível e criativa, usando materiais mais naturais, não tão industrializados, foram evidências de que, lá, o Programa teve resultados muito significativos.
Formando a formadora
Estimulada por um enorme desejo de fazer a diferença, Elisângela mergulhou nas formações do Paralapracá, que tem como foco melhorar a qualidade do atendimento às crianças na Educação Infantil, por meio da formação continuada de profissionais. “A cada encontro eu ia me identificando com a proposta. Via que tinha algo que precisava mudar dentro de mim, enquanto profissional, e também, no trabalho da escola”, recorda.
Em relação ao seu desenvolvimento profissional, Elisângela relata como a escuta ativa das colegas e a constante utilização da Coleção Paralapracá fortaleceu sua identidade como formadora. “Os cadernos de Experiências são algo que sustentam a nossa prática, porque há neles as situações vividas em outras escolas, muitas vezes parecidas com as nossas e que têm algo novo a acrescentar ou a confirmar naquilo que a gente já faz. Sinto que ainda tenho que trilhar um caminho muito grande, mas eu vejo que essa experiência com o Programa foi muito importante para minha formação”, considera Elisângela, que já projeta ingressar nos estudos de pós-graduação, na área de Educação Infantil.
O caminho trilhado como o Paralapracá ajudou na superação de paradigmas e na abertura para novas possibilidades de se relacionar com o outro. “Junto às crianças, principalmente, consegui construir uma identidade que foi se revelando ao longo do processo de formação. Quando a gente deu a elas a possibilidade de ter acesso aos materiais (oferecidos às crianças pelo Programa); ao brincar; à construção dos ambientes; de poder estar circulando nos ambientes fora da escola, elas foram respondendo de uma forma positiva. As crianças precisam encontrar pessoas, espaços, vivências e experiências qualificadas para que elas possam se desenvolver”, complementa.
A sensibilização de professores e funcionários por meio das formações do Paralapracá, que os levou a reviver as memórias de criança, revelou-se, segundo ela, “um caminho que pode até ser o mais longo, mas certeiro”. “Assim, as formações passaram a ter mais sentido. Comecei a fazer algo que, naquele momento, poderia trazer uma resposta para as práticas pedagógicas da escola e para a formação de cada um ali presente”, comemora.
“Elizângela é uma das referências do Programa pela sensibilidade e pela competência com que faz o trabalho; pela escuta das crianças; e o olhar para a comunidade. E a Emaús é uma escola que se destaca e merece ser usada como uma referência no que tange à possibilidade de transformação com atitudes simples, que demonstram uma compreensão profunda daquilo que o Paralapracá defende como uma prática de qualidade, capaz de transformar a Educação Infantil e conquistar uma escola equitativa, plural e acolhedora. Um espaço no qual possamos contar com a educação e o cuidado apropriados à faixa etária de cada criança e em que seja respeitada a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”, disse Mônica Samia, consultora associada da Avante e coordenadora de implementação do Programa.
Elisângela recriou experiências do universo infantil e tornou a vivê-las na maturidade, travessia capaz de empoderar a prática pedagógica, no contexto da Educação Infantil. Isto porque, como dizem os versos de Jáder de Carvalho: “Se o menino de outrora em mim não morre, não é para atirar pedras nas árvores: É mais para aprender a andar na vida”.
O Programa
O programa Paralapracá é uma frente de formação de profissionais da Educação Infantil, realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social, com apoio do Instituto C&A. O trabalho se desenvolve a partir da formação continuada de formadores, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na Educação Infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral. O Programa é realizado em parceria com as secretarias municipais de Educação, valorizando, ampliando e fortalecendo os saberes de cada localidade aonde vamos.
O Paralapracá foi lançado em 2010, como um projeto do Programa Educação Infantil do Instituto C&A, originalmente focado na região Nordeste. Desde então, chegou a dez municípios, em dois ciclos de implementação. Em 2015, com a chancela do Guia de Tecnologias Educacionais do MEC, ganhou caráter nacional.
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