Memorial da Educação Infantil provoca articulação intersetorial das gestões municipais
Passado o período das eleições, agora as equipes de gestão dos municípios se preparam para passar o bastão. E é comum, na hora de fazer essa transição, que surjam algumas inquietações. Como fazer para não perder tanto tempo conhecendo o que já foi feito? Como sinalizar alguns caminhos para quem chega? Pensando nessa transição republicana, onde a política está centrada no bem comum, o programa Paralapracá desenvolveu uma ação de apoio às atuais equipes das secretarias de educação na elaboração de um Memorial da Educação Infantil, que contribui com essa passagem.
O documento está estruturado em quatro dimensões, que expressam princípios fundamentais para a política de Educação Infantil, em sintonia com os fundamentos do Paralapracá: o valor social da Educação Infantil; o foco na criança e no seu desenvolvimento; a integração com outras políticas da primeira infância; e a família como parte do processo educativo.
Com previsão de ser entregue às equipes das próximas gestões até o final deste ano, o Memorial tem provocado um movimento importante dentro das secretarias de educação, como explica Ana Luiza Buratto, consultora associada fundadora da Avante – Educação e Mobilização Social e subcoordenadora de fortalecimento da gestão do Paralapracá. “O Memorial precisa de uma articulação para acontecer, especialmente a terceira parte, que se refere à ‘Caracterização da Educação Infantil’, porque precisa consultar a equipe de estatística para saber de dados, o pessoal encarregado de compras para saber se tem alguma pendência, o orçamento para saber como estão as construções. Então, eles precisam se articular intersetorialmente, necessariamente, para responder o Memorial que, de certa forma, provoca esse encontro para elaboração, em comum, de um produto que é de toda a secretaria, não é só da coordenação da Educação Infantil.”
É o que têm feito os municípios das redes parcerias do Paralapracá, ao se articular com diversos setores das secretarias municipais de educação para elaboração do documento. “A importância de escrever o Memorial da Educação Infantil está em registrar o percurso histórico vivenciado, bem como em recomendar ações de continuidade à política da Educação Infantil em nosso município, o que possibilitará uma visão múltipla da realidade. Tem sido uma experiência relevante, onde temos encontrado setores/departamentos muito receptivos e abertos a colaborar, pois entendem a importância do trabalho como uma rede, onde cada um tem a sua parcela de contribuição, objetivando a qualidade da Educação Infantil no município”, esclarece a técnica da SME de Natal (RN), Sirleide Oliveira.
O processo de elaboração do Memorial tem sido validado pelas equipes das redes parceiras, em especial no que diz respeito à oportunidade de realizar um aprofundamento nas práticas pedagógicas, possibilitando a consolidação dos fundamentos da Educação Infantil. “A experiência está sendo muito significativa, pois ao registrarmos nossos percursos pedagógicos e de gestão, estamos mergulhando nas práticas e concepções, e esse movimento nos impulsiona a novos rumos, outras estratégias, na perspectiva de efetivarmos uma política pública que traga em seu escopo a criança no centro, sendo respeitado o seu direito de ser criança”, avalia a gerente de Educação Infantil de Maracanaú (CE), Solange Silvestre.
Transição Republicana fortalecida
Para as novas gestões, o Memorial deixa um longo rastro dos avanços conquistados, como no caso de Olinda (PE), que a partir da parceria com o Paralapracá, passou a contar com uma política pública de formação da Rede de Educação Infantil. “A gente tem esse legado, registrado através do Memorial, para que fique consolidado para as gerações e os governos que virão. Essa política de formação é muito importante porque a gente vê o crescimento e fortalecimento do papel do coordenador pedagógico no processo de formação dos professores, dentro da escola. Ao mesmo tempo em que a gente está registrando e deixando esse Memorial para a história, a gente vai revivendo, rememorando, realimentando as possibilidades que a gente criou”, ressalta a gerente de Educação Infantil do município, Simone Almeida.
Herança que também vai ficar para a nova gestão de Camaçari (BA), com dados sobre os principais avanços da política municipal da Educação Infantil, como explica a técnica do segmento no município, Nilzete Rodrigues. “Registramos os princípios e fundamentos da Educação Infantil construída ao longo da história na Rede a as boas práticas que geram resultados significativos para as crianças e seus familiares, bem como seus desafios. Muitas práticas foram renovadas, já dando frutos, nos inspirando e confirmando a necessidade de continuar investindo em mudanças que melhorem a qualidade da educação das crianças. A chegada do Paralapracá foi uma parceria relevante para a continuidade e o fortalecimento dos princípios e fundamentos da política municipal de Educação Infantil, com destaque para os processos formativos, envolvendo todos os profissionais que atuam nas escolas.”
O Paralapracá
Desenvolvido em aliança com as secretarias municipais de Educação, o Paralapracá possui dois âmbitos de atuação: a formação continuada de profissionais de Educação Infantil e o acesso a materiais de uso pedagógico de qualidade. A iniciativa, que visa contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na Educação Infantil, é uma frente do programa Educação Infantil, do Instituto C&A, em parceria técnica com a Avante.
Em 2015, a metodologia do Paralapracá passou a integrar o Guia de Tecnologias Educacionais do Ministério da Educação (MEC). “Isso significa que ele produz resultados significativos para a melhoria da Educação Infantil e que pode ser levado para qualquer município brasileiro”.
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