Qual o lugar da linguagem escrita na educação Infantil?
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, afirmou, em 1989, Paulo Freire, uma das mais importantes referências em Educação no mundo. Já Loris Malaguzzi, inspirador para a proposta de Educação Infantil em Reggio Emilia, diz que a criança tem cem linguagens. Em que pese essas afirmações culturalmente, há uma pressão social para que a linguagem escrita seja a mais valorizada dentre as outras na Educação Infantil. O que vai de encontro aos estudos e documentos norteadores, que apontam como função deste segmento, o desenvolvimento integral das crianças, incluindo sua inserção no mundo letrado. Entendendo a importância de trazer o universo da leitura e escrita para Educação Infantil, sem deixar de potencializar as outras linguagens, o programa Paralapracá oferece aporte importante na compreensão de como concretizar esta abordagem na prática pedagógica.
Desde 2012, os governos Federal, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, por meio do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), firmaram um compromisso formal e solidário para atender à Meta 5 do Plano Nacional da Educação (PNE), que estabelece a obrigatoriedade de “Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do Ensino Fundamental”. Meta que passa diretamente pela melhoria da qualidade do ensino e, consequentemente, pela formação docente. No Brasil, tem ocorrido uma série de debates para que o ensino do código escrito não se sobreponha às outras linguagens da criança.
“Se acreditamos que a criança é um ser potente, que investiga que quer saber sobre o mundo, fica fácil entender que a leitura e a escrita são partes desse mundo e, portanto, objetos de investigação das crianças, pois fazem parte do seu cotidiano. A partir da exploração, das brincadeiras com os sons das palavras, do vínculo positivo com a literatura, do contato frequente com diferentes portadores e variados tipos de texto, elas vão se aproximando desse objeto, dessa aprendizagem. Isso ocorre de uma forma intencional, por parte do professor e da escola, mas de uma forma natural por parte da criança”, explica Mônica Samia, consultora associada da Avante e coordenadora de implementação do Paralapracá.
Para Mônica Samia, a pergunta sobre alfabetizar ou não na Educação Infantil precisa ser reelaborada. “O mais importante é compreender de que forma as crianças podem construir um vínculo saudável, lúdico, sensível e que faça sentido para elas”, disse. Recentemente, o Paralapracá disponibilizou um espaço aberto em sua plataforma virtual de aprendizagem para todos os profissionais interessados. O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Paralapracá conta com um repositório de práticas culturais e pedagógicas que traz ideias para apoiar os/as profissionais da Educação Infantil nas suas interações com as crianças e a comunidade.
O Programa
O Paralapracá visa contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na Educação Infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral. Para isso, oferece formação continuada para formadores das redes municipais de Educação, valorizando os saberes de cada localidade e ampliando as referências teórico-práticas, a partir das orientações nacionais para o segmento.
Realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceria com as secretarias municipais de Educação, o Programa foi lançado em 2010, como um projeto do programa Educação Infantil do Instituto C&A, originalmente focado na região Nordeste. Desde então, chegou a dez municípios, em dois ciclos de implementação. Em 2015, com a chancela do Guia de Tecnologias Educacionais do MEC, ganhou caráter nacional. Desde então, chegou a dez municípios, em dois ciclos de implementação, atingindo mais de 500 coordenadoras pedagógicas e 40 mil crianças. Em 2015, com a chancela do Guia de Tecnologias Educacionais do MEC, ganhou caráter nacional. A metodologia do programa Paralapracá foi transferida do Instituto C&A para a Avante e está disponível para todas as secretarias de educação do país.
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