Cultura e infância: mais que uma abordagem pedagógica
Salvador (BA) – Ampliar as discussões sobre cultura da infância para outros espaços acadêmicos que não só as faculdades de pedagogia foi o que motivou Clarissa Braga, coordenadora do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult), sugerir a inserção da temática e da mesa-expositiva “Cultura e infância: saberes e práticas” na programação do IX Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Enecult).
A mesa-expositiva aconteceu no dia 13 de setembro, no salão nobre da reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e foi mediada por Clarissa. Entre os painelistas estavam o arte-educador José Carlos Rêgo, mais conhecido como Pinduka; a etnomusicóloga Lydia Hortélio, especialista em cultura da infância; a musicóloga argentina Elisabeth Burba, de Córdoba; e a pedagoga Mônica Samia, que coordena na Avante – Educação e Mobilização Social a implementação do projeto Paralapracá. O projeto é uma iniciativa do Instituto C&A, desenvolvido em parceria técnica com a Avante.
Mônica Samia e Pinduka dividiram a fala para contar as experiências do projeto Paralapracá e provocar a reflexão sobre a visibilidade ou invisibilidade da criança na sociedade. Mônica ressaltou que, ao pensarmos em infância e cultura, precisamos refletir sobre como as crianças estão vivendo nas cidades grandes em meio ao progresso. Progresso este que traz muitas construções, mais carros e redução do verde e dos espaços de brincar ao ar livre. Já Pinduka destacou a necessidade de a escola dialogar com a cultura que pulsa ao seu entorno. Para ele, é necessário derrubar os muros construídos de concepções e ideias que impedem a produção cultural de entrar nas instituições e possibilitar, assim, que as crianças convivam com as diferentes formas de compreender e explicar o mundo.
Para iniciar sua fala, Elisabeth Burba cantou uma das canções infantis da poetisa, escritora e musicista Maria Elena Wash, sobre quem seguiu falando ao afirmar que a primeira música que as crianças aprendem são as das publicidades. Elisabeth prosseguiu sua fala mencionando que muitas crianças dormem ao som de desenhos animados e que quanto maior a criança, menos ela é colocada para dormir ao som de canções de ninar, impedindo que a bagagem cultural e princípios identitários sejam transmitidos por meio das canções.
Lydia Hortélio fez a última apresentação do dia presenteando o público com a exibição de fotos do processo criativo de uma atividade desenvolvida por ela com crianças no Parque da Cidade em 1980. O trabalho fez parte de um projeto pensado pela Prefeitura de Salvador para incentivar as crianças a participar de espaços de aprendizado diferentes das escolas. A atividade retratada explorava a arte e a criatividade nata das crianças nordestinas de Amaralina, bairro de Salvador que fica no entorno do Parque da Cidade. Lydia finalizou sua exposição com uma pergunta: “Qual o verso que queremos cantar na roda das crianças do mundo?”.
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