Paralapracá aproxima educadoras da cultura local e qualifica prática pedagógica
Camaçari (BA) – Em maio de 2014, coordenadoras pedagógicas do projeto Paralapracá participaram de um encontro na Cidade do Saber para explorar a diversidade cultural do seu município (Camaçari) e levar a experiência para a prática pedagógica junto às crianças das instituições atendidas pelo projeto. No encontro, a Secretaria de Cultura do município, parceira do projeto, apresentou àscoordenadoras pedagógicas um mapeamento de grupos que lutam pela preservação das tradições culturais locais.
As coordenadoras também assistiram à Chegança Feminina – dança típica local que é uma adaptação da Chegança dos Mouros, trazida e mantida viva na região pelos homens e que, após um período de esquecimento, foi resgatada por um grupo de mulheres da comunidade. E ainda experimentaram a pinaúma,tipo de ouriço do mar típico de Arembepe, na orla de Camaçari, cujo consumo vem sendo passado de geração em geração pelas famílias da região.
“O objetivo do encontro foi utilizar a cultura comunitária do município como objeto de reflexão sobre que temas são relevantes para a abordagem com as crianças da Educação Infantil e fortalecer as coordenadoras pedagógicas para que possam apoiar as professoras na condução deste importante elemento do currículo”, explica Simone Oliveira, supervisora do projeto Paralapracá em Camaçari.
Para Ana Lúcia Moraes, coordenadora pedagógica e professora da Escola Monteiro Lobato, a formação foi importante para que as educadoras pudessem refletir sobre a importância de valorizar a história cultural de Camaçari.“Nós trocamos saberes e conhecemos mais da nossa história, podendo, agora, ressignificar nossa prática e construir um acervo cultural, novos saberes e novas descobertas com as crianças da Educação Infantil.”
Na prática pedagógica
A coordenadora pedagógica da Creche Gleba C, Lucília Mota, explica que, após as formações do projeto Paralapracá, ela passou a ter uma nova compreensão da importância destes momentos de ampliação cultural, tanto para as educadoras quanto para as crianças. “Eu compreendi que, ao ter contato com o ambiente e seus valores, a criança amplia seu conhecimento de mundo sobre o meio físico, natural e social”. Para ela, falar da cultura local em Educação Infantil é falar da comunidade na qual as crianças estão inseridas, sua cidade, sua rua, sua família. “Isto dá ao sujeito o seu primeiro passaporte para a cultura”, diz.
A coordenadora pedagógica lembra uma experiência vivenciada pelas crianças da Creche Gleba C quando a avó de uma delas visitou o grupo e resgatou canções típicas da sua infância. “Ela interagiu com as crianças e a equipe pedagógica e, de algum modo, passou um pouco da cultura local. Esse momento possibilitou ao grupo um maior contato com a sua cultura e com elos afetivos, em especial com sua neta.”
O projeto Paralapracá reconhece a importância do papel das instituições de Educação Infantil no resgate e preservação da cultura local. “Ao assumir a importância dos saberes locais, particularmente os próprios da cultura infantil, nos processos de construção da identidade cultural das crianças, urge cuidar para que esses saberes façam parte do cotidiano das instituições e do currículo da Educação Infantil”, conforme disposto na publicação Estação Paralapracá, Menu de Paisagens Culturais, que integra a Mala Paralapracá.
Lucília Mota endossa a proposta do projeto ao afirmar a importância das vivências e experiências lúdicas nas instituições para o resgate da cultura e da preservação do patrimônio cultural da comunidade. “É nesse espaço que as manifestações da cultura local ganha uma roupagem sistematizada”, diz. E valoriza a influência dessas experiências para o desenvolvimento pedagógico das crianças, que “se revela no crescente prazer de estar juntas, na facilidade em relacionar-se com os elementos da natureza e, dependendo da mediação da educadora, da possibilidade de fazer com que elas [as crianças] percebam-se enquanto autoras de cultura e reprodutoras da mesma”, explica.
A coordenadora pedagógica destaca ainda que, para isso, se faz necessário possibilitar que as crianças se envolvam em ações que permitam a exploração do mundo e questionamentos sobre o meio à sua volta.
O projeto Paralapracá é uma frente de trabalho do programa Educação Infantil do Instituto C&A que se desenvolve em aliança com Secretarias Municipais de Educação e possui dois âmbitos de atuação: a formação continuada de profissionais de educação infantil e o acesso a materiais de uso pedagógico de qualidade, tanto para crianças quanto para professores. A iniciativa é implementada em parceria técnica com a ONG Avante – Educação e Mobilização Social, de Salvador (BA). Integram o segundo ciclo do projeto cinco municípios: Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).
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